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Foto do escritorObras de Kardec

A nossa pesquisa acerca da edição definitiva de A Gênese: saiba mais sobre o método e os resultados



Período


A pesquisa foi realizada do início de 2020 a meados de 2021.


Método de desenvolvimento


Nos baseamos na pesquisa de Simoni Privato Goidanich, publicada em O Legado de Allan Kardec, pois é a pesquisa de referência que investigou as fontes de informação da época e apresentou como conclusão que A Gênese foi adulterada na edição de 1872. Analisamos também as pesquisas anteriores à dela, de Zeus Wantuil & Sérgio Thiessen (1973) e de João Donha & Felipe Gonçalves (2010), bem como os principais os argumentos de outros pesquisadores que se propuseram a complementar a pesquisa de referência, dentre eles Paulo Henrique de Figueiredo. Focamos nas ideias, isto é, nos argumentos e documentos apresentados, e por isso evitamos citar “quem disse o que”.


Optamos por realizar uma pesquisa colaborativa, em que cada nova descoberta, após passar por uma análise preliminar nossa, foi compartilhada com os leitores em posts nas páginas do Facebook do CSI do Espiritismo e Allan Kardec Online, promovendo um espaço para ouvirmos outras considerações, desde que devidamente embasadas em fontes e referências. Resultados parciais também foram divulgados em lives. Muitas ideias novas e entendimentos mais profundos vieram da troca que aconteceu nos comentários dos posts e vídeos no YouTube.


A divulgação dos resultados finais


Uma série de artigos está sendo publicada no Jornal de Estudos Espíritas sob o título "Uma revisão na história da 5ª edição de A Gênese". Convidamos a quem deseja conhecer a nossa pesquisa completa a ler desta fonte.


Em dezembro de 2020 foi publicada a Parte I - Os eventos relacionados à impressão e à publicação da edição de 1869. A Parte II deve ser publicada até o fim deste mês e a Parte III está em processo de preparação final para submissão.



Após concluída a pesquisa, foram gravadas lives apresentando o conjunto completo de documentos analisados:


Em 2022 pretendemos apresentar, em entrevistas e lives, um resumo dos artigos e uma análise crítica dos argumentos centrais da pesquisa de referência pró-adulteração.


A primeira sairá numa entrevista à revista Reformador de abril (já disponível no site da FEB).



A próxima live será dia 26/03 às 21h no canal @ParadigmaEspirita (Instagram).


Histórico das pesquisas


Finalizamos com um histórico das pesquisas, em ordem cronológica:

(1973) Zêus Wantuil E Francisco Thiesen, Allan Kardec – Pesquisa bibliográfica e ensaios de interpretação Vol 3: apresentou a pesquisa num apêndice, fez um resumo da história e concluiu que A Gênese foi atualizada por Kardec em 1869, ainda que a edição atualizada que se conhecia fosse de 1872.

(2010) João Donha e Felipe Gonçalves. A GÊNESE, OS MILAGRES, AS PREDIÇÕES e as espiritices brasilianas...(II): apresentou uma ordem cronológica da história, fez a comparação das diferenças de conteúdo entre as edições e concluiu que faltava apenas um elemento para confirmar se foi Kardec ou se foi adulteração: aparecer a 5ª ou 6ª edição do depoimento de Desliens. Se o texto dessa edição fosse igual à 5ª de 1872, Kardec atualizou a obra, se o texto fosse igual às anteriores, houve adulteração.

(2017) Simoni Privato Goidanish. O Legado de Allan Kardec: achou exemplares de cinco edições de A Gênese (e determinou o ano de publicação), da 1ª à 4ª de 1868 e a 5ª de 1872. Estes exemplares foram encontrados em bibliotecas de diferentes países: França, Itália e Dinamarca. Embora não tenha localizado um exemplar da edição de 1869, identificou a declaração de impressão de fevereiro de 1869, que corresponde à segunda tiragem, corroborando a existência da edição do depoimento de Desliens. Concluiu pela adulteração de A Gênese, pois assumiu que a edição de 1869 teria o texto igual às quatro anteriores, devido à ausência do depósito legal e a interpretação de que esse documento só seria necessário se a edição tivesse sido atualizada.

(2019) Paulo Henrique de Figueiredo. Autonomia - a história jamais contada do espiritismo: o livro trata de outro tema. Nele foi citada a pesquisa de Goidanich, concordando com a conclusão dela.

(2020) Um exemplar da edição de 1869 foi localizado pelo CSI na biblioteca de uma universidade de Neuchâtel na Suíça, oriundo da biblioteca da faculdade de Teologia que fechou e transferiu seu acervo. Uma cópia digital foi obtida pelo AKOL e disponibilizada para download. Seu conteúdo é atualizado e igual à edição de 1872.

(2020) Paulo Henrique de Figueiredo. Nem céu nem inferno - As leis da alma segundo o espiritismo: embora o tema central do livro seja outro, fez referência à pesquisa de Goidanich, apresentou novos documentos, como a carta para negociar a tradução de A Gênese para o alemão (pertencente ao acervo de Canuto Abreu), reconhecendo a letra como sendo de Kardec, mas considerando que ele não concluiu a atualização da obra porque apenas metade das folhas estavam impressas, e reafirmou a conclusão de que A Gênese foi adulterada em 1872. Apresentou uma lei de 1793 como referência ao depósito legal só ser obrigatório em obras atualizadas, corroborando o argumento de Goidanich. Discordou da pesquisa dela ao considerar que a 4ª edição de A Gênese foi publicada em 1869, a partir da declaração de impressão de fevereiro daquele ano. Com relação à edição de 1869 (encontrada em 2020), considerou que era uma contrafação, pois assumiu que a legislação da época previa que apenas o depósito legal em vida seria capaz de garantir a autenticidade do conteúdo da obra.

(2020) Adair Ribeiro Jr, Carlos Seth Bastos e Luciana Farias - Uma revisão na história da 5ª edição de A Gênese - JEE: esta pesquisa partiu das anteriores (Wantuil, Donha e Goidanich), concordou com Donha e Goidanich de que a 4ª edição foi publicada em 1868, que o depoimento de Desliens (Donha) e a declaração de impressão (Goidanich) indicavam que exemplares de uma edição foram impressos em 1869 e que era necessário determinar seu conteúdo para resolver a questão. Considerou que Kardec finalizou o texto da nova edição atualizada em 1868, pois ela já estava na tipografia sendo impressa. Naquela época, os conceitos de edição e reimpressão eram diferentes dos atuais e o autor só enviava os textos de um livro para a tipografia imprimir depois que este estivesse finalizado, visto que a montagem dos caracteres móveis visava a impressão da obra final a ser publicada, precedida da revisão das provas; e muitas alterações implicariam em altos custos. Apresentou um exemplar físico da edição de 1869 como comprovação do conteúdo impresso pelo último pedido com Kardec em vida. A 5ª edição de 1869 foi listada por Amelie no estoque da SA no Inventário de 1873. Discordou de Figueiredo que tal edição seja uma contrafação, pois não identificou na legislação onde consta que o depósito legal em vida seria necessário para garantir a autenticidade da obra nem que as edições sem depósito legal seriam consideradas contrafações. Trouxe a legislação de 1814, mais recente do que a apresentada por Figueiredo, de que toda declaração de impressão deveria ter depósito legal independente do conteúdo dos exemplares e que, no caso de descumprimento do depósito legal, a tipografia deveria pagar uma multa para regularizar a situação. Como conclusão sugeriu que Kardec concluiu a nova edição atualizada em 1868, solicitou a publicação via declaração de impressão de fevereiro de 1869 (feita pelo tipógrafo) e faleceu. Sua esposa finalizou a publicação entre abril e maio de 1869.



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