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Foto do escritorAllan Kardec Online

A natureza não dá saltos: as mesas girantes e O Livro dos Espíritos

Atualizado: 17 de mai. de 2021

Encontramos a frase do Espírito “E. Quinemant” (provavelmente, o senhor Pierre Emile Quinemat – 1811-1867) [1] na Revista Espírita de junho de 1867:

"Como vos foi dito muitas vezes, não há lacunas na obra da Natureza, nem saltos bruscos, mas transições insensíveis que fazm com que passemos pouco a pouco de um para outro estado, sem nos apercebermos da mudança, a não ser pela consciência de uma situação melhor."

Muitos acreditam que Allan Kardec foi o primeiro a atribuir uma causa inteligente aos fenômenos das mesas girantes. Mas, seria isso verdade? A historiografia nos mostra que não.


"𝑶𝒃𝒔: 𝑪𝒐𝒎𝒐 𝒆𝒔𝒕𝒂 𝒑𝒂𝒓𝒕𝒆 𝒅𝒐 𝒕𝒆𝒙𝒕𝒐 𝒈𝒆𝒓𝒐𝒖 𝒄𝒆𝒓𝒕𝒂 𝒄𝒐𝒏𝒇𝒖𝒔𝒂̃𝒐, 𝒈𝒐𝒔𝒕𝒂𝒓𝒊́𝒂𝒎𝒐𝒔 𝒅𝒆 𝒓𝒆𝒔𝒔𝒂𝒍𝒕𝒂𝒓 𝒒𝒖𝒆 𝒐 𝒑𝒓𝒐́𝒑𝒓𝒊𝒐 𝑲𝒂𝒓𝒅𝒆𝒄 𝒆𝒔𝒄𝒓𝒆𝒗𝒆𝒖 𝒏𝒂 𝑰𝒏𝒕𝒓𝒐𝒅𝒖𝒄̧𝒂̃𝒐 𝒅𝒐 𝑳𝒊𝒗𝒓𝒐 𝒅𝒐𝒔 𝑬𝒔𝒑𝒊́𝒓𝒊𝒕𝒐𝒔 - 𝒏𝒐 𝒊𝒕𝒆𝒎 𝑰𝑽: "𝑨𝒄𝒓𝒆𝒅𝒊𝒕𝒂𝒓𝒂𝒎 𝒉𝒂𝒗𝒆𝒓 𝒅𝒆𝒔𝒄𝒐𝒃𝒆𝒓𝒕𝒐, 𝒏𝒂̃𝒐 𝒔𝒂𝒃𝒆𝒎𝒐𝒔 𝒑𝒆𝒍𝒂 𝒊𝒏𝒊𝒄𝒊𝒂𝒕𝒊𝒗𝒂 𝒅𝒆 𝒒𝒖𝒆𝒎, 𝒒𝒖𝒆 𝒂 𝒊𝒎𝒑𝒖𝒍𝒔𝒂̃𝒐 𝒅𝒂𝒅𝒂 𝒂𝒐𝒔 𝒐𝒃𝒋𝒆𝒕𝒐𝒔 𝒏𝒂̃𝒐 𝒆𝒓𝒂 𝒂𝒑𝒆𝒏𝒂𝒔 𝒐 𝒓𝒆𝒔𝒖𝒍𝒕𝒂𝒅𝒐 𝒅𝒆 𝒖𝒎𝒂 𝒇𝒐𝒓𝒄̧𝒂 𝒎𝒆𝒄𝒂̂𝒏𝒊𝒄𝒂 𝒄𝒆𝒈𝒂; 𝒒𝒖𝒆 𝒉𝒂𝒗𝒊𝒂 𝒏𝒆𝒔𝒔𝒆 𝒎𝒐𝒗𝒊𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒂 𝒊𝒏𝒕𝒆𝒓𝒗𝒆𝒏𝒄̧𝒂̃𝒐 𝒅𝒆 𝒖𝒎𝒂 𝒄𝒂𝒖𝒔𝒂 𝒊𝒏𝒕𝒆𝒍𝒊𝒈𝒆𝒏𝒕𝒆."
𝑶 𝒐𝒃𝒋𝒆𝒕𝒊𝒗𝒐 𝒅𝒆 𝒏𝒐𝒔𝒔𝒐 𝒕𝒆𝒙𝒕𝒐 𝒇𝒐𝒊 𝒕𝒓𝒂𝒛𝒆𝒓 𝒂𝒍𝒈𝒖𝒏𝒔 𝒂𝒖𝒕𝒐𝒓𝒆𝒔 𝒒𝒖𝒆 𝒋𝒂́ 𝒆𝒏𝒕𝒆𝒏𝒅𝒊𝒂𝒎 𝒂 𝒆𝒙𝒊𝒔𝒕𝒆̂𝒏𝒄𝒊𝒂 𝒅𝒆 𝒄𝒂𝒖𝒔𝒂𝒔 𝒊𝒏𝒕𝒆𝒍𝒊𝒈𝒆𝒏𝒕𝒆𝒔 𝒂𝒐 𝒇𝒆𝒏𝒐̂𝒎𝒆𝒏𝒐 𝒅𝒂𝒔 𝒎𝒆𝒔𝒂𝒔 𝒈𝒊𝒓𝒂𝒏𝒕𝒆𝒔...𝒄𝒐𝒎𝒐 𝑲𝒂𝒓𝒅𝒆𝒄 𝒏𝒂̃𝒐 𝒐𝒔 𝒎𝒆𝒏𝒄𝒊𝒐𝒏𝒐𝒖, 𝒑𝒓𝒐𝒄𝒖𝒓𝒂𝒎𝒐𝒔 𝒕𝒓𝒂𝒛𝒆𝒓 𝒆𝒔𝒕𝒂𝒔 𝒊𝒏𝒇𝒐𝒓𝒎𝒂𝒄̧𝒐̃𝒆𝒔. 𝑷𝒆𝒅𝒊𝒎𝒐𝒔 𝒅𝒆𝒔𝒄𝒖𝒍𝒑𝒂𝒔 𝒔𝒆 𝒐 𝒕𝒆𝒙𝒕𝒐 𝒇𝒐𝒊 𝒅𝒖́𝒃𝒊𝒐 𝒆 𝒈𝒆𝒓𝒐𝒖 𝒋𝒖𝒔𝒕𝒐𝒔 𝒄𝒐𝒎𝒆𝒏𝒕𝒂́𝒓𝒊𝒐𝒔! 𝑴𝒂𝒔, 𝒎𝒖𝒊𝒕𝒐𝒔 𝒏𝒐 𝒎𝒐𝒗𝒊𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒆𝒔𝒑𝒊́𝒓𝒊𝒕𝒂 𝒂𝒕𝒓𝒊𝒃𝒖𝒆𝒎, 𝒆𝒓𝒓𝒐𝒏𝒆𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒆, 𝒆𝒔𝒕𝒆 𝒇𝒂𝒕𝒐  𝒂̀ 𝑲𝒂𝒓𝒅𝒆𝒄. 𝑵𝒂̃𝒐 𝒏𝒐𝒔 𝒄𝒂𝒃𝒆 𝒂𝒒𝒖𝒊 𝒂𝒑𝒐𝒏𝒕𝒂𝒓 𝒗𝒊́𝒅𝒆𝒐𝒔 𝒔𝒐𝒃𝒓𝒆 𝒊𝒔𝒕𝒐...𝒃𝒂𝒔𝒕𝒂 𝒑𝒓𝒐𝒄𝒖𝒓𝒂𝒓𝒆𝒎!"

Várias publicações anteriores à publicação de O Livro dos Espíritos relatam estudos efetuados na tentativa de esclarecer os “mistérios” relativos às mesas girantes.


A Academia Francesa de Ciências organizou um comitê para investigar, no ano de 1853, qual era a natureza daqueles fenômenos. Os membros que realizaram os estudos eram o químico Michel Chevreul e os físicos Jacques Babinet e François Arago.


Na obra publicada por Chevreul datada de 1854 – 𝐷𝑒 𝑙𝑎 𝑏𝑎𝑞𝑢𝑒𝑡𝑡𝑒 𝑑𝑖𝑣𝑖𝑛𝑎𝑡𝑜𝑖𝑟𝑒 𝑑𝑢 𝑝𝑒𝑛𝑑𝑢𝑙𝑒 𝑑𝑖𝑡 𝑒𝑥𝑝𝑙𝑜𝑟𝑎𝑡𝑒𝑢𝑟 𝑒𝑡 𝑑𝑒𝑠 𝑇𝑎𝑏𝑙𝑒𝑠 𝑇𝑜𝑢𝑟𝑛𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠 [2] – é relatado que a causa do deslocamento da mesa seria devido à ação dos próprios participantes, que colocando suas mãos sobre ela, produziam uma força lateral inconsciente que era capaz de deslocar a mesa e a provocar o seu movimento.


Kardec, na Revista Espírita de dezembro de 1860, no artigo 𝐻𝑖𝑠𝑡𝑜𝑖𝑟𝑒 𝑑𝑢 𝑀𝑒𝑟𝑣𝑒𝑖𝑙𝑙𝑒𝑢𝑥, comentando sobre a obra de Louis Figuier [3], menciona que o Sr. Chevreul havia buscado somente provas na matéria.


O físico inglês Michael Faraday publicou uma explicação semelhante para o fenômeno.

Henri Carion, conforme menciona o pesquisador John Warne Monroe, em sua obra 𝐿𝑎𝑏𝑜𝑟𝑎𝑡𝑜𝑟𝑖𝑒𝑠 𝑜𝑓 𝐹𝑎𝑖𝑡ℎ - 𝑀𝑒𝑠𝑚𝑒𝑟𝑖𝑠𝑚, 𝑆𝑝𝑖𝑟𝑖𝑡𝑖𝑠𝑚, 𝑎𝑛𝑑 𝑂𝑐𝑐𝑢𝑙𝑡𝑖𝑠𝑚 𝑖𝑛 𝑚𝑜𝑑𝑒𝑟𝑛 𝐹𝑟𝑎𝑛𝑐𝑒, era um jornalista católico da ultraconservadora 𝐺𝑎𝑧𝑒𝑡𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝐹𝑟𝑎𝑛𝑐𝑒. Carion publicou um pequeno livro em 1853 - 𝐿𝑒𝑡𝑡𝑟𝑒𝑠 𝑠𝑢𝑟 𝑙'𝑒𝑣𝑜𝑐𝑎𝑡𝑖𝑜𝑛 𝑑𝑒𝑠 𝑒𝑠𝑝𝑟𝑖𝑡𝑠, onde argumentava que a comunicação do espírito poderia ser útil para os católicos tanto como uma ferramenta política quanto como um auxílio para a devoção religiosa. Carion citou os resultados de seus próprios experimentos. Ele havia começado recebendo mensagens do além da maneira típica, usando uma mesa falante que batia no chão com uma de suas pernas. Logo abandonou esse método complicado e mudou para uma prancheta, um pequeno pedaço de madeira com um lápis anexado, que poderia rastrear mensagens espirituais diretamente em folhas de papel. Assim que ele adotou este novo dispositivo, uma série de figuras renomadas se comunicou, entre eles Joana d'Arc e Carlos X. Relata que os espíritos de Voltaire e Rousseau afirmavam estar no purgatório e se retratavam de suas ideias anteriores.


Na obra de Carion consta um autógrafo de Voltaire (vide foto), que ele precedeu com uma breve declaração: "Renunciei às minhas obras irreligiosas, chorei e meu Deus teve misericórdia de mim." Rousseau mostrou uma disposição semelhante de mudar de ideia; ele disse a Carion que o texto que mais causou sofrimento foi “Emílio”, porque era "aquele em que parodio o ministério do meu Deus". Para Carion, as conversões póstumas desses heróis da esquerda secular eram munição política poderosa para o devoto conservador.


Monroe escreve que Carion sustentava na sua obra o valor desse comércio sobrenatural porque fornecia uma "nova demonstração" da imortalidade da alma e, causando uma impressão mais profunda em pessoas mundanas do que todos os argumentos filosóficos conhecidos. Carion escreve que os sofrimentos e recompensas da vida após a morte, o Céu e Inferno, o Purgatório - aquele abismo temporário onde a clemência divina e a justiça andam de mãos dadas - apareceriam, de certa forma, com sinais tangivelmente evidentes.


Carion, mesmo ao exaltar os benefícios das “entrevistas agradáveis” que os novos fenômenos possibilitaram, alertou que a evocação dos espíritos acarretavam riscos significativos. “Tanto do ponto de vista físico quanto moral”, escreveu ele, “é, para a maioria dos mortais, gravemente imprudente, entregar-se a essas entrevistas com os Espíritos”.


Ainda no ano de 1853, o Comte Agenor de Gasparin publica 𝐷𝑒𝑠 𝑇𝑎𝑏𝑙𝑒𝑠 𝑡𝑜𝑢𝑚𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠, 𝑑𝑢 𝑠𝑢𝑟𝑛𝑎𝑡𝑢𝑟𝑒𝑙 𝑒𝑛 𝑔𝑒𝑛𝑒𝑟𝑎𝑙 𝑒𝑡 𝑑𝑒𝑠 𝑒𝑠𝑝𝑟𝑖𝑡𝑠 [4], onde afirma que iria curar o que ele viu como o mal-estar intelectual primário de sua época, um materialismo redutor causado pelo “despotismo das ciências positivas”. Para Gasparin, a reação cética das Academias às mesas falantes foi um exemplo clássico da tendência patológica da comunidade científica de rejeitar qualquer fenômeno que parecesse implicar a contemplação do transcendente. O fato de que uma mesa poderia girar sob o único impulso da vontade humana, escreve Gasparin, demonstrou que a alma era tão tangível como qualquer outro fenômeno na natureza, e que "há outros fenômenos, além dos que o telescópio percebe ou o bisturi expõe”. Provando a realidade empírica da alma de uma forma tão marcante, as mesas falantes/girantes superariam o materialismo da comunidade científica e restaurar a filosofia ao seu lugar de direito como a mais prestigiosa de todas as disciplinas intelectuais (Monroe em seu já citado livro).


Em 1854, é publicado um pequeno livro de pouco mais de 100 páginas denominado 𝑅𝑒́𝑣𝑒́𝑙𝑎𝑡𝑖𝑜𝑛𝑠 𝑁𝑜𝑢𝑣𝑒𝑙𝑙𝑒𝑠 𝑠𝑢𝑟 𝑙𝑒 𝑀𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠 𝐸𝑠𝑝𝑟𝑖𝑡𝑠 – Novas Revelações sobre o mundo dos Espíritos – de Noirac e Hirne [5]. Esta obra, como consta na sua capa, serviria de complemento ao livro do Sr. H. Carion.



Segundo consta no “Aviso do Editor” da referida obra, o sucesso do livro do Sr. Carion, teria despertado a emulação de dois neófitos das ciências demonológicas e pretendia explicar e mesmo completar a história da jornada exploratória empreendida por Carion, nas várias regiões do mundo sobrenatural.


Nesta obra são relatadas as experiências de psicografia (isso mesmo, em 1854 já vemos este fenômeno relatado neste livro) com a evocação de um Espírito chamado “Visobut” e outro de nome “Nabiel”. O livro descreve no formato de perguntas e respostas informações e revelações dadas pelos espíritos sobre o mundo espiritual. Os autores fazem críticas ao conservadorismo e a falta do uso da razão existentes nas ideias e dogmas religiosos do Sr. Carion na sua obra.


Ainda em 1854, temos a publicação do livro “𝑈𝑚 𝑚𝑜𝑡 𝑠𝑢𝑟 𝑙𝑒𝑠 𝑡𝑎𝑏𝑙𝑒𝑠 𝑝𝑎𝑟𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑠𝑢𝑖𝑣𝑖 𝑑𝑢 𝑐𝑟𝑎𝑦𝑜𝑛 𝑚𝑎𝑔𝑖𝑞𝑢𝑒 𝑒𝑡 𝑑𝑢 𝑔𝑢𝑒́𝑟𝑖𝑑𝑜𝑛 𝑝𝑜𝑒̀𝑡𝑒” – Uma palavra sobre as mesas falantes seguido do lápis mágico e da guéridon poeta” – de P. F. Mathieu [6]. Este livreto de apenas vinte e quatro páginas traz as experiências do senhor Pierre-François Mathieu, mais conhecido como P. F. Mathieu, antigo farmacêutico – chefe do exército e membro de várias sociedades científicas (o mesmo Mathieu da carta de O Livro dos Espíritos e da Revista Espírita), falecido em 12 de fevereiro de 1864). O Sr. Mathieu parece ter sido uma pessoa importante na vida da médium Srta. Huet - que aparece no início da Sociedade parisiense de Estudos Espíritas - pois também foi diretor-presidente de estudos de seu "𝑆𝑎𝑙𝑜𝑛 𝑑𝑒 𝑙𝑎 𝑀𝑎𝑑𝑒𝑙𝑒𝑖𝑛𝑒" (nome do estabelecimento da Srta. Huet). [7]



Mathieu analisa seis possíveis hipóteses que explicariam os fenômenos das mesas girantes/falantes. Entre elas, a que afirmava que, os espíritos tendo pertencido à humanidade, os Anjos, às vezes o Diabo, pessoalmente, ou representado por um ou outro de seus acólitos, fariam as mesas falar. Como todo mundo, ele começava duvidando, negando que uma mesa poderia falar. Mathieu afirma que fez, a este respeito, a grande objeção dos incrédulos: "É impossível para um pedaço de madeira inerte pensar e comunicar seu pensamento." Então, relata que a crença veio aos poucos, como em qualquer conversão racional e que não seria o resultado de iluminação repentina. E que, acabou reconhecendo, não que uma mesa poderia pensar e falar, mas que algo poderia pensar e falar através de uma mesa, o que seria bem diferente. “Não, a mesa não pensa e fala”, serviria como um instrumento...e isso seria tudo.


Na obra, Mathieu relata uma série de sessões que foram realizadas através das mesas falantes e com o lápis mágico (𝐶𝑟𝑎𝑦𝑜𝑛 𝑚𝑎𝑔𝑖𝑞𝑢𝑒) (vide foto). Afirma que a linguagem das mesas (compreende a escrita mágica) é um fenômeno considerável, diante do qual não se poderia, salvo descrença completa, permanecer indiferentes. Afirma que o tempo que se leva para conquistar uma verdade nunca seria perdido. Quando essa verdade fosse conquistada (e ainda não as tinha obtido com as mesas), poder-se-ia, ou dever-se-ia até abandonar o que se mostra inútil ou perigoso; mas até então, seria permitido estudar e pesquisar incansavelmente, para chegar a uma conclusão.


Aconselhou que até que fosse dada uma regra para desvendar o bom com o mau, o verdadeiro com o falso, não se deveria acreditar em revelações ou relatos de qualquer ser ou agente que se comunicasse através das mesas, ou através do lápis. Acima de tudo, para que não se abordasse os espíritos com perguntas indiscretas; não se questionasse os espíritos sobre a condição atual das pessoas de cuja perda se lamentava, sobre a fidelidade conjugal, sobre a saúde e sobre o futuro.


Escreve que sua obra era uma modesta pedra preciosa que ele trazia para o monumento em construção que um dia seria chamado de 𝐻𝑖𝑠𝑡𝑜́𝑟𝑖𝑎 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑙𝑒𝑡𝑎 𝑑𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑠𝑎𝑠 𝐹𝑎𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠. Aconselha que para que este monumento chegue ao fim, seria bom que todos os experimentadores que obtiveram fatos de qualquer valor as trouxessem ao conhecimento do público, com toda a coragem da opinião e toda a boa fé de que fossem capazes. Mathieu informa que não tinha outra reivindicação, dizendo que só fornecia alguns materiais para a construção e que deixava para um arquiteto mais habilidoso o fazer.


E foi o que realmente aconteceu!


Recordando a mensagem dada em 30 de abril de 1856, que pode ser lida no livro 𝑂𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑃𝑜́𝑠𝑡𝑢𝑚𝑎𝑠: “Quanto a ti, Rivail, a tua missão é aí”.


Neste contexto, o mestre Sr. Rivail - utilizando o pseudônimo de Allan Kardec - que havia iniciado em 1855 os seus estudos sobre as mesas girantes, publica - em 18 de abril de 1857 - uma obra que abriria caminho para toda codificação da Doutrina Espírita: “O Livro dos Espíritos”.


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